Comportamento

QUEM PODE SER MÃE DE QUEM, NESTES TEMPOS INCERTOS…

 Donald Woods Winnicott*, foi um médico, pediatra e psicanalista inglês, que atendia no Hospital Infantil Paddington Greens em Londres, quando esta, era bombardeada na segunda guerra mundial. Atuou na evacuação das crianças e nos problemas decorrentes.

Apesar de não ter tido filhos, observou a importância da maternagem no desenvolvimento infantil.

Em um de seus artigos, traz o conceito de Mãe Suficientemente Boa, ou seja, a mãe (ou cuidador) que cada um pode ser, com seus erros e acertos!

Por isso o Suficientemente Boa, não apenas Mãe Boa!

Aceitar que somos a melhor versão de nós mesmos, a cada momento, pois ninguém quer sofrer. A ilusão é achar, que ser perfeito, pode trazer paz e segurança. E quem fizer tudo “direitinho”, estará destinado a ter tudo correndo bem!

Doce ilusão! Quem sabe o que é fazer direitinho? E isso também traz tanto sofrimento…correr atrás da perfeição dá um trabalho…!!

 Os imprevistos da vida, demandam flexibilidade e resiliência, como a do Bambu Jardim: verga com o vento, mas não quebra!

Estamos imersos em um longo e imprevisto inesperado. Fomos obrigados a rever hábitos, mudar rotinas e tolerar o não saber.

Poder exercer a maternagem em nós mesmos, e aceitar que fazemos a cada momento o que é possível, ou o que entendemos ser o melhor.

Ser bondoso o suficiente para si mesmo, sem críticas, sem cobranças indevidas e saber que perdemos a paciência, somos injustos, ou ainda fazemos bobagens. Tudo isso faz parte da humanidade que existe em cada um. Ser gentil com nossos equívocos, tolerar as indecisões e angústias…Vivemos um momento de recolhimento e acolhimento!

Fico pensando o que Winnicott viu, enquanto médico e observador da mente humana: provavelmente muito sofrimento, separações necessárias e muita morte. Tempos sombrios aqueles, em que Londres era bombardeada noite e dia. Filhos separados de suas mães e famílias, e os problemas decorrentes disso tudo.

Estamos hoje, vivendo tempos sombrios de outra ordem, mas também sombrios. Vidas que se perdem, famílias separadas. Não sabemos quando isso vai acabar.

 O melhor a fazer, é cada um acolher o sentimento presente. Seja ele qual for. Cada um à sua maneira.

 Com muita, mas muita paciência, para chegar ao final desta etapa que ficará marcada nesta geração.

Tentar não perder a propriedade de si, e ir levando da melhor forma possível.

Aceitando e “maternando” quem você é, abre-se a possibilidade de “maternar” e cuidar melhor dos outros!

Quem sabe “dias melhores virão”? Quem souber quando, me conte!!!

Até a próxima publicação!

Miriam

mhalperng@gmail.com

11 999898686

*https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos

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Miriam Halpern

Miriam Halpern

Miriam Halpern, Psicóloga, mãe e avó. Hobby preferido, viajar e conhecer o modo de vida de outros países e culturas.
Fiz psicologia, já com os 3 filhos em casa. Fui mãe tempo integral durante 8 anos, ate que, estimulada por problemas domésticos (o filho do meio nasceu
deficiente auditivo), procurei me profissionalizar em escutar e ajudar famílias que passavam pelo mesmo que eu. Desde então não parei de estudar e trabalhar.
Após o curso de psicologia, fiz formação em Psicanálise na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, instituição ligada a International Psychoanalitical Association de Londres, da qual sou membro efetivo e
docente.
Não satisfeita, fiz mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento, na Universidade Mackenzie, pois queria me familiarizar com o Desenvolvimento Humano e nas relações inicias que nos constitui como humanos.
Hoje, mais tranquila, quero dividir minhas experiências, contar e ouvir.

2 comentários

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  • Ontem assisti na TV uma entrevista com a psicanalista Vera Iaconelli. A Miriam vai na mesma linha dela. Somos as mães que podemos ser. Não tão boas, nem perfeitas, mas o que podemos ser. Eu não tenho filhos, tal como o médico inglês do texto. Mas neste momento de pandemia se formos mãe de nós mesmas, com as nossas incertezas, medos e inseguranças, nos cuidando sem cobranças ,concordo que poderemos com paciência dar conta de nós e também dos mais próximos que demandam cuidados. E tudo vai passar.

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