Agir Comportamento

PANDEMIA OU PANDEMÔNIO ?

Minhas atividades profissionais continuam: atendimentos de pacientes. As atividades coletivas estão suspensas pelo distanciamento social. Respeito a todos, com suas decisões.

Meu marido e eu somos maiores de 60 anos, com os descompassos orgânicos próprios de uma vida. Não deixamos de ser grupo de risco, mas apenas com patologias próprias da idade.

Moramos em um bairro de classe média. Prédio razoavelmente antigo, com condôminos que moram a muito tempo aqui. Quase todos conhecidos. Vivemos em comunidade.

Viver em comunidade, pressupõe respeito a normas de convivência, mas esta pandemia mal explicada e longa, pode trazer descontrole e situações que transformam a pandemia em pandemônio. Onde os princípios de cordialidade e respeito, desaparecem e surgem atitudes agressivas e impensadas. Pessoas agressivas, que desenvolvem um polimento ou verniz para desempenho social, mas que internamente são agressivas e violentas, correm o risco, em uma situação de exceção como esta, de descontrole emocional e expor o aspecto que condena em si mesmo.

A mim parece que estamos expostos a violências latentes que existem em todos nós. Mas quem não tem consciência da existência deste aspecto, corre o risco de descontrole e prejuízos mais graves. Violência, é um aspecto da personalidade condenado socialmente. Mas ela existe em nós e muitas vezes faz-se necessária para irmos adiante na vida e para nos proteger. Usar a violência como forma de coerção é que é o problema. Até onde vai a minha liberdade? Posso ameaçar alguém? Como dosar tudo isso? Como posso interferir violentamente com a vida de alguém ou fazer ameaças? Falo ameaças de qualquer tipo, desde as emocionais, quanto físicas.

 Muitas vezes, atitudes de desprezo e palavras, são tão violentas e traumatizantes, quanto um tiro ou um soco!

Caminhava pelo bairro, buscando tomar sol e tive medo. Vi pessoas transtornadas, assustadas e agressivamente pedindo ajuda.

Será que a pandemia está permitindo o desvelar de aspectos escondidos ou contidos?

Estou triste, e a tristeza é um sentimento real de quem está vivo.

Vou ficar com este sentimento e acolhê-lo. Sentir o que é verdadeiro, ao invés de negar e tentar camuflar. Faz mal e confunde. Sem julgamentos.

Isto é estar vivo, e estar viva, podendo escrever o que escrevi agora me conforta de alguma forma. Mas tristeza faz parte da vida.

Tudo o que vem acontecendo é muito triste, confuso além de um transtorno para todos.

Hoje fico por aqui e vou cuidar dos meus sentimentos.

Até a próxima publicação!

Miriam

mhalperng@gmail.com

11 999898686

Miriam Halpern

Miriam Halpern

Miriam Halpern, Psicóloga, mãe e avó. Hobby preferido, viajar e conhecer o modo de vida de outros países e culturas.
Fiz psicologia, já com os 3 filhos em casa. Fui mãe tempo integral durante 8 anos, ate que, estimulada por problemas domésticos (o filho do meio nasceu
deficiente auditivo), procurei me profissionalizar em escutar e ajudar famílias que passavam pelo mesmo que eu. Desde então não parei de estudar e trabalhar.
Após o curso de psicologia, fiz formação em Psicanálise na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, instituição ligada a International Psychoanalitical Association de Londres, da qual sou membro efetivo e
docente.
Não satisfeita, fiz mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento, na Universidade Mackenzie, pois queria me familiarizar com o Desenvolvimento Humano e nas relações inicias que nos constitui como humanos.
Hoje, mais tranquila, quero dividir minhas experiências, contar e ouvir.

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