Escrevo este texto, ouvindo no rádio entrevista de Mia Couto*, e Jose Eduardo Agualusa**. Ambos escritores, falando sobre a existência de seus livros. Um livro só existe quando é lido. Não havendo leitor, o livro não existe.
O mesmo é com os textos que escrevo: só tem vida, só existe, a partir da leitura de alguém. Se não for lido, o texto não tem existência.
Sempre pensei na similaridade das coisas. Um bebê só existe se é visto, reconhecido e “lido” por quem o cuida. Assim passa a perceber-se existindo e pode desenvolver e apropriar-se de si.
O olhar que “lê” e reconhece o outro, permite o desenvolver da legitimidade pessoal. Em contrapartida, o bebê que olha e reconhece a mãe atribui a ela a capacidade materna. É assim que teoricamente funciona, mas sabemos bem, que nem sempre. Um espelhar de situações.
Somos retalhos de experiências, que ao longo da vida vão se costurando e formando um tecido, repleto de remendos e cerzidos. Cada um coleciona situações boas e não tão boas, que podem trazer sabedoria ou não. Às vezes, o tecido apresenta “buracos”, vazios que precisam ser tolerados, pois não há como remendar.
Assim, a noção de si vai se construindo. Da melhor forma possível, e a partir das possibilidades de cada um.
Somos o resultado da construção de experiências, compreensão e elaboração interna e externa. Estamos o tempo todo acrescentando vivencias, entendimentos. Podemos transformar, somar e subtrair sempre, enquanto vivermos.
Esta é a beleza da vida! A possibilidade de mudar, não que seja fácil. Sempre que queremos alguma coisa de coração, de verdade, a mudança pode acontecer. E a transformação, a mudança, mesmo com cicatrizes e remendos é a forma da vida em movimento, se fazer presente!
Até o próximo encontro
Miriam
mhalperng@gmail.com
11 999898686
Fonte
*https://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_julho
**https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Ocidental_Portuguesa
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