A anos atrás, trabalhei por algum tempo na LaraMara, uma instituição que atende deficientes visuais em São Paulo.
Trabalhei com os deficientes e suas famílias nas questões emocionais.
Muitas vezes, atendi pessoas carentes, que precisavam de ajuda para o pagamento de passagens de ônibus, para estar no LaraMara.
Ali, aprendi a ver situações que até então desconhecia.
A interpretação daquilo que vemos, é subjetivada pelas experiencias.
Quem de nós, nunca procurou por algo, que estava bem visível, mas passou despercebido?
Será nosso cérebro tão seletivo, que muitas vezes só enxerga aquilo que conhece e já tem registro?
E o sonhar, onde imagens, muitas vezes tão reais, são “vistas”?
Um cego, quando possível, aprende a “ler” com os dedos e tem o olfato mais desenvolvido do que quem é vidente.
De que são feitas as imagens?
E os visionários, que muitas vezes “enxergam” o que muitas pessoas não veem? Neste caso, o “ver” já possui outro sentido. Alias, o nosso idioma, é rico e cheio destas palavras, que podem ser usadas de várias formas.
Diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Não quer ou não pode?
Será que nosso olhar alcança tudo que temos em nosso campo visual, ou muitas vezes privilegiamos o que é possível ver com os olhos e atribuir significado?
Fui ao dicionário em busca de sinônimos para ver, e achei 11 significados diferentes!!! Não cabe aqui discorrer por todos eles, mas ver e enxergar, é um privilégio que nos foi dado e cabe a nós, fazer bom uso.
Mara, mãe de Lara que teve retinopatia da prematuridade e ficou sem poder enxergar, fez de uma dificuldade, um projeto de vida, e uma obra que beneficiou a muitos. Da dificuldade, nasceu a Instituição LaraMara, que ajuda a quem precisa. De um problema, nasceu um benefício à comunidade.
Agradeço a oportunidade que tive, em meu caminho profissional e pessoal, de ali estar e ver crescer este trabalho.
Ter consciência, e buscar tornar um problema, em solução, muitas vezes é uma luz que se acende. Pouco importa o tamanho ou a amplitude do campo visual possível.
Olhar para si e para o outro. Todos podemos, desde que estejamos abertos para o novo, e dele fazer o que de melhor é possível!
Vivemos um mundo onde o estímulo externo, distrai o olhar de nós mesmos.
Mara, soube fazer da dor, um impulso para diminuir a dor de quem precisa. Pode olhar para seu sofrimento, e assim, dele fazer a mola em busca de soluções possíveis para sua Lara.
E para muitas outras pessoas também!
Até a próxima publicação!
Miriam
11 999898686
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