Para mim, abacate era uma fruta cobiçada. Sempre gostei, mas no entendimento nutricional de anos atrás, abacate é calórico, portanto, improprio a quem era mais cheinho.
Sempre fui alta, e, parecendo mais idade do que tinha.
Tanto que aos 5 anos, como era bem esperta, alguém achou que poderia acompanhar o 1º ano primário*!!!
Lembro-me de estar na carteira escolar, cuja mesa ficava à altura dos meus olhos!
Felizmente, alguém teve a luz de reconhecer minha pouca idade, e voltei ao pré-primário.
Mesmo assim, no ano seguinte, fui alfabetizada. Tinha 6 anos, quando o ideal, era ir para o 1º ano, aos 7.
Mas o que o abacate tem com isso?
Hoje pela manhã, pensando no que gostaria de comer, vi o abacate maduro na geladeira, que foi o meu desjejum.
Ainda bem que os conhecimentos evoluem e é possível reformular ideias e acrescentar experiencias!
A questão, é como certos registros, ficam marcados em nossas vidas. E muitas vezes nos acompanham por toda uma existência, às vezes, sem nos darmos conta!
O abacate, por exemplo, ficou associado as minhas lembranças de criança, como uma fruta que deveria ser consumida em pouca ou nenhuma quantidade. Independente do tanto que a apreciava.
Ficou a marca forte, da transgressão que hoje corrijo com outros conhecimentos.
Assim somos construídos. Cada um tem suas marcas, seus registros e saberes.
A questão do abacate, é razoavelmente fácil de atualizar. Outras, nem tanto. Lembro e acho graça.
Duro são as coisas que fazemos, como nossos pais, que havíamos nos comprometido em fazer diferente.
Percebi recentemente, que “aprendi” a ser solicita e eficiente.
Parei para prestar a atenção, em que circunstâncias me faço e sinto-me “imprescindível!!
Costumo usar a metáfora da cultura japonesa, (ouvi de alguém a muito tempo, e nem sei se é verdade, mas faz sentido) onde ao fazer algo para uma pessoa, por exemplo, pegar algo que caiu no chão e devolver a quem deixou cair, é uma ofensa, como chamá-lo de incapaz nesse gesto. Ou seja, fazer pelo outro aquilo que pode fazer sozinho…
Na cultura ocidental que conheço, aprendi que ser solicito, é uma virtude. “Fazer o bem sem olhar a quem…” Como ou por quê?
Desafiador, não é?
Certos registros são tão automáticos, que fazemos sem perceber, e pode ser prejudicial para aqueles que convivemos.
Decidir comer ou não o abacate, é engraçado e simples.
Desafio é me dar conta, quando solicitada, em não atender, mesmo sendo simples para mim. Meu registro me diz para ir em frente, mas procuro refletir sobre o entorno, e avaliar se devo ou não.
Nada simples.
*jardim, pré-primário, ginásio e colegial. Era assim, nos anos 60/70 do século passado!
Até a próxima publicação
Miriam
11 999898686
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